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07/10/2016 TROTE FAZ PARTE DA VIDA | Equipe Vai Vovô
Lá pelo fim da década de 80 e 90, era comum as grandes empresas de nossa cidade fazerem trotes, sacanagens com os novos funcionários a fim de “batizá-los” no serviço. Por exemplo, em bancos, o gerente podia pedir ao novato que lavasse papel carbono no almoxarifado ou que fosse a outra agência de outra rede pegar emprestado a “máquina de achar a diferença financeira”.

Contudo, uma história que ficou gravada nos autos de Santo Antônio da Patrulha foi a de um jovem, com menos de vinte anos, recém-chegado para trabalhar na Excelsior. Já no seu primeiro dia pediram a ele que fosse até a Cardoso Marques levar algumas peças de Passat (carro muito bonito e charmoso na época).
O verão estava quente e o sol escaldante. Mesmo assim, o aprendiz foi, alegre, sentindo-se importante em seu primeiro emprego, com uma sacola de couro reforçado contendo alguns tijolos enrolados. Disseram a ele, bem sério:
- Entregue somente nas mãos do “Fulano”.

No caminho, trocava a sacola de minuto a minuto devido ao peso no ombro. Ao chegar na Cardoso Marques, sentou-se na poltrona de espera onde aguardou pouco. Logo foi atendido pelo “Fulano”. Esse entrou numa salinha, onde adicionou mais dois tijolos. Voltou, escondendo o riso, dizendo:

- Ai, cara. – Coçou a cabeça - Essas não estão corretas. Precisamos do modelo “Standard”. Devolva essas peças o mais rápido possível, talvez eles estejam precisando. Dessas já temos aqui.

Ao ouvir isso, o solicito rapaz saiu em disparada mesmo com o peso em suas mãos. Foi cortando ruas, por dentro, ali pela Porto Emerim.

Ao chegar perto do Restaurante Boas Vindas (hoje Sabor), exausto, com o suor escorrendo, olhou para a Excelsior. Percebeu que na frente do prédio havia uma aglomeração, homens e mulheres, que riam e gesticulavam alto. Sentiu-se gelar por dentro ao perceber que tudo fora um trote. Rapidamente, como o coração pulando de raiva e indignação, abriu a caixa e desembrulhou as “peças” que nada mais eram do que tijolos.

Furioso caminhou até a sanga, onde ficava a antiga “Passarela”. Olhou mais uma vez para a Excelsior onde seus “colegas” gesticulavam e gargalhavam sem parar. Indignado jogou as pedras na água e sem olhar para trás, tomou o rumo da rodoviária onde foi para casa.

Nunca mais voltou para aquele emprego.

Autora: SinaraFoss