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07/10/2016 O RÁDIO | Equipe Kebra Kexo
Os anos sessenta davam os seus primeiros passos. Na Vila, que ainda tinha vida comercial, o Clube realizava bailes com o JeReviens e o Molin-Rouge. Nas Pitangueiras, o trânsito de fora a cortava pelo meio, o Boas-Vindas apresentava os seus maravilhosos sonhos e, no Isola di Capri, o Caetano fazia o melhor galeto que já passou por aqui.

O arroz era a base da nossa economia. As Cooperativas, pujantes, impunham a sua grandeza. Eu trabalhava na Cooperativa Rizicola Santo Antônio, uma grande empresa. Exportava muito arroz para São Paulo e Rio de Janeiro. Os embarques do produto eram diários, feitos através de muitos caminhões e carretas. A Cooperativa chegou a adquirir quatro carretas para o transporte, uma vez que, em muitas oportunidades, encontrava dificuldade de conseguir caminhões.

A comunicação naquela época era muito deficiente. Tanto daqui para os grandes centros, como de lá para cá, falar, via telefone, era problemático. Enfrentava-se problema para receber os pedidos, pois uma ligação, via Cooperativa Telefônica, levava horas e até dias para se concretizar.

Diante dessa dificuldade, a Cooperativa adquiriu um grande rádio de comunicação. Era enorme, ocupava uma sala. Eu é que operava o aparelho. Todos os dias, entre 10h e 30min. e 11h, eu falava com Santos e com o Rio de Janeiro, recebendo os pedidos dos representantes. Dali passava para o escritório, que já providenciava no carregamento. Depois de algum tempo de uso, um dia o rádio estragou. Não funcionou mais. Foi chamado um técnico para consertá-lo. Chegado o especialista, foram horas de análise do defeito. Foi detectado que uma determinada peça havia estragado. O técnico me chamou, disse que a tal peça viria de não sei onde e que eu deveria trocá-la. Explicou-me tudo, para quando a peça chegasse eu fazer a devida troca. Quando a peça chegou eu entrei em ação. Fiz a troca e para minha alegria, o rádio voltou a funcionar normalmente. Me senti orgulhoso.

Naqueles tempos, as guias de embarque tinha que ser recolhido o imposto a cada uma emitida. Levávamos na Coletoria para pagamento ao fisco. Outro fato interessante era que as guias deveriam ser assinadas pelo Prefeito Municipal. Eu ia, praticamente todos os dias na Prefeitura. Já estava autorizado a ingressar no gabinete do Sr. Prefeito, pegar o carimbo, que já sabia onde estava, e entregava para o Sr. João Moraes, prefeito da época, para a devida assinatura.

Os tempos passaram. Fui embora para Porto Alegre, continuar os meus estudos. O mercado e o desenvolvimento dos lavoureiros, que começaram a montar as suas próprias estruturas abalou a hegemonia das Cooperativas. Hoje, só restam os prédios, dando uma mostra da grandeza que foram e fazendo parte da paisagem da nossa cidade.

Autor: Joelson Machado de Oliveira